ARTIGO DA GASTRONOMIA NO SERTAGRESTE DO BIOMA DA CAATINGA NO OLHAR DO CHEF MARCOS LOBO,

 

ARTIGO DA GASTRONOMIA NO SERTAGRESTE DO BIOMA DA CAATINGA NO OLHAR DO CHEF MARCOS LOBO,

Publicado em 08/05/2024 às 11hs.

Fonte de Marcos Lôbo;
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Há cinquenta anos atrás, meus antepassados viviam e sobreviviam em uma terra castigada pela escassez de água. Os caprichos climáticos nem sempre foram favoráveis ao Nordeste. Desde então, tenho buscado compreender a vida no Agreste e no Sertão, traçando uma pesquisa pessoal para desvendar os segredos de sobrevivência neste Bioma da Caatinga, que por tanto tempo desafiou o povo da região.

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A vida na zona rural é árdua, mas compreender a fauna e a flora é essencial para a sobrevivência. Aproveitar os recursos da caatinga para sustento não foi tarefa fácil ao longo dos anos. Cometemos erros e aprendemos com o sofrimento, compreendendo que a chave para sobreviver está em entender a caatinga.

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O estudo das PANCS - Plantas Alimentícias Não Convencionais - levou-me a conceber um projeto que, após uma década de elaboração, tornou-se realidade em 2018. O projeto começou a ser discutido em palestras e aulas pelo Nordeste, buscando promover as PANCS do Bioma da Caatinga e sua importância para a sobrevivência na zona rural. Encontrar o local ideal para lançar o projeto foi desafiador, mas após diversas tentativas, conseguimos apresentá-lo no Paço Alfândega, onde tudo começou, através do MOVIMENTO CATAMISTO e SUCATEANDO, que nos convidaram para apresentar as PANCS em um evento público.

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A flora do Agreste e do Sertão é utilizada pelos cozinheiros e pelo povo do SERTAGRESTE para complementar sua dieta em meio às adversidades climáticas. "Tudo é mato até que prove ao contrário", afirmaram os alunos de uma escola em Beberibe, Ceará, durante uma palestra sobre o SERTAGRESTE e suas PANCS. Este é o espírito que tem impulsionado iniciativas como a Feira de Ciências, onde pratos feitos com a flora da Caatinga, como pastéis recheados com urtiga e queijo coalho, e brigadeiro de folha de seriguela, encantaram os paladares presentes.

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A disseminação do conhecimento sobre as PANCS do Bioma da Caatinga é essencial para seu reconhecimento e uso na gastronomia regional. Oficinas e palestras, como as realizadas na UNINASSAU, têm proporcionado aos estudantes de gastronomia uma imersão na riqueza da flora da caatinga, enriquecendo seus conhecimentos e incentivando a pesquisa na área.

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Recentemente, preparei um picles de mandacaru, um desafio que me trouxe grande satisfação como cozinheiro e pesquisador. O mandacaru, planta cactácea típica da caatinga, é rico em simbolismo e adaptabilidade às condições adversas do semiárido nordestino. Com este ingrediente, buscamos não apenas criar pratos saborosos, mas também valorizar e resgatar os saberes tradicionais da região.

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Estamos diante de um desafio global: como alimentar bilhões de pessoas de forma sustentável? As PANCS do Bioma da Caatinga representam uma alternativa valiosa, oferecendo não apenas valores nutricionais, mas também contribuindo para a preservação ambiental e a valorização da cultura local.

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Em suma, o Projeto SERTAGRESTE tem sido um catalisador para a valorização da gastronomia regional, promovendo o uso sustentável dos recursos da caatinga e resgatando os saberes ancestrais que moldaram a sobrevivência no semiárido nordestino. Somos ricos em nutrientes e tradições, e é hora de valorizarmos nossa própria gastronomia.

Referências:

Movimento Catamisto e Sucateando.

Feira de Ciências de Beberibe, Ceará.

Palestras e Oficinas na UNINASSAU.

Informações sobre o mandacaru e sua utilização na gastronomia regional.

CONTATO

Pesquisador e Gastrônomo/Chef Marcos Lôbo

Fone / WhatsApp (81) 99788 6975

mlobo199@yahoo.com.br  

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