A Pastelaria Afro Pernambucana no Olhar do Chef Marcos Lôbo,

 A Pastelaria Afro Pernambucana no Olhar do Chef Marcos Lôbo,

30/07/2024 07:50hs,

Fonte do Chef Marcos Lôbo;

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Resumo:

A pastelaria afro pernambucana é uma expressão culinária rica, moldada pelas condições adversas e pela resistência cultural dos africanos que chegaram ao Brasil no século XV. O Chef Marcos Lôbo explora como as técnicas culinárias africanas, como assados, cozidos e grelhados, se fundiram com a gastronomia portuguesa e deram origem a novas criações. A preservação de ingredientes como inhame, cará, macaxeira e o uso do dendê em frituras destacam-se nessa tradição. Este artigo investiga a evolução da pastelaria afro pernambucana, suas técnicas, ingredientes e a importância cultural dessa culinária que simboliza a resiliência e a herança dos povos africanos em Pernambuco.

Palavras-chave: Pastelaria afro pernambucana, Culinária afro-brasileira, Técnicas culinárias, Acarajé, Bolas de inhame, Fritura, Cultura africana, Resiliência cultural, Identidade afro-brasileira e Gastronomia tradicional.

Fonte do Chef Marcos Lôbo;
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Introdução:

Entender a pastelaria nas senzalas e nas casas grandes dos engenhos foi um desafio para mim, Chef Marcos Lôbo, porque, quando os africanos de Angola chegaram ao Brasil no século XV, eles traziam consigo uma culinária oprimida pelas duras condições de moradia. Entre as técnicas culinárias que dominaram estavam os assados, cozidos e grelhados. A pastelaria, geralmente associada ao cozimento de massa em forno, foi adaptada para incluir a fritura, mergulhando ingredientes em gordura ou óleo a alta temperatura. No contexto afro pernambucano, o conceito de pastelaria se expandiu para abranger a venda de pastéis fritos, uma prática que perdura até hoje.

Fonte do Chef Marcos Lôbo;
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Influências e Técnicas Culinárias:

Os africanos, ao serem introduzidos na gastronomia local pelas senhoras portuguesas, incorporaram novos pratos à sua dieta. Contudo, a precária disponibilidade de fornos, devido à extenuante jornada de trabalho, limitou essa prática. O único dia disponível para os africanos dedicarem-se à agricultura e à preparação de refeições especiais era o domingo, o que iniciava uma nova jornada em um país estrangeiro.

A gastronomia afro pernambucana preservou-se através do candomblé, onde santos apreciavam raízes de terreiro como inhame, cará e macaxeira, cultivados nas roças pelos africanos. As Bolas de Inhame, preparadas com inhame cozido e socado ainda quente, moldadas em bolas com o auxílio de uma colher de pau, eram um prato dedicado a Oxalá. Essas bolas, feitas com inhame descascado, lavado com limão, cozido com sal e depois pilado, são servidas com caruru ou efó.

Fonte do Chef Marcos Lôbo;
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Ingredientes:

Os principais ingredientes da pastelaria afro pernambucana incluem:

  • Inhame, Cará e Macaxeira (Mandioca): Essenciais na preparação de pratos como bolas de inhame, que eram comida de Oxalá e têm profundas raízes culturais.
  • Dendê: Óleo de palma utilizado para frituras, conferindo sabor e cor característicos.
  • Recheios Variados: Carne seca, camarão, bacalhau, banana, goiabada e carne moída, que enriquecem as massas feitas de inhame, cará e macaxeira.

Evolução e Transformação:

A pastelaria afro pernambucana evoluiu à medida que ingredientes foram adaptados e transformados. Cozinheiros e cozinheiras de Pernambuco criaram receitas únicas que foram passadas de geração em geração. No contexto dos engenhos, os africanos, tendo apenas o domingo para uma gastronomia diferenciada, usavam esse dia para preparar iguarias que lhes lembrassem da mãe África. Bolas de inhame, cará e macaxeira ganharam recheios e foram fritas em gordura de dendê, criando pratos que podem ser considerados uma forma de pastelaria.

Nos engenhos de Ipojuca, essa busca pelo conhecimento culinário foi constante. A preservação e a divulgação dessas receitas são essenciais para manter viva a herança africana. A transformação da culinária ajudou os africanos a diversificar sua alimentação, e pratos como acarajé e outros bolinhos fritos ou assados tornaram-se heranças culinárias de anos de troca de conhecimento.

Fonte do Chef Marcos Lôbo;
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Conclusão:

A pastelaria afro pernambucana, conforme descrita pelo Chef Marcos Lôbo, é uma manifestação culinária que representa a resistência e a adaptação dos africanos e seus descendentes no Brasil. Com técnicas e ingredientes que foram transformados e preservados ao longo do tempo, essa culinária continua a ser uma parte vital da identidade cultural pernambucana e brasileira. Através da preservação dessas receitas, é possível celebrar a rica herança e a contribuição dos povos africanos para a gastronomia de Pernambuco.

Referências:

  1. Cascudo, Luís da Câmara. História da Alimentação no Brasil. Editora Global, 2004.
    • Um estudo detalhado sobre as influências africanas na culinária brasileira.
  2. Carneiro, Edison. Candomblés da Bahia. Civilização Brasileira, 1977.
    • Explora as tradições africanas no Brasil, incluindo aspectos culinários.
  3. Santos, Manuel Querino dos. A Arte Culinária na Bahia. EGBA, 2002.
    • Um estudo sobre a culinária afro-brasileira com foco nas influências africanas.
  4. Freitas, José Batista de. A Influência Africana na Culinária Pernambucana. EdUFPE, 2011.
    • Análise específica sobre como a cultura africana moldou a culinária em Pernambuco.
  5. Montanari, Massimo. Food is Culture. Columbia University Press, 2006.
    • Discussão sobre a interseção entre alimentação e cultura.

CONTATO

Pesquisador e Gastrônomo/Chef Marcos Lôbo

Fone / WhatsApp (81) 99788 6975

mlobo199@yahoo.com.br

 

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