Gastronomia Ancestral para um novo mundo, no olhar do chef Marcos Lôbo,
Gastronomia Ancestral para um novo
mundo, no olhar do chef Marcos Lôbo,
03/02/2025 18:29hs.
A ancestralidade está profundamente ligada aos nossos antepassados e à herança que nos deixaram, seja ela cultural, espiritual, histórica ou genética. Compreender esse legado é como abrir uma passagem do passado para o futuro, atravessando milhões de anos de história humana. Desde os primórdios da existência, a humanidade precisou desenvolver técnicas agrícolas e gastronômicas para garantir sua sobrevivência. Esses conhecimentos, transmitidos ao longo do tempo, moldaram civilizações inteiras, formando tradições, crenças e hábitos que resistem até hoje.
A conexão entre agricultura e gastronomia foi o ponto de partida para a
perpetuação dessas civilizações. Estamos falando não apenas da história, mas
também das formas como nossas ações culturais e gastronômicas estabeleceram um
elo duradouro entre o passado e o futuro. A transmissão de saberes entre
gerações, principalmente na esfera familiar, fortaleceu esse vínculo ancestral,
criando a base para as práticas culinárias que conhecemos atualmente.
O México e sua conexão ancestral
No México, essa ancestralidade se manifesta de forma marcante, especialmente
no contexto do evento realizado entre 31 de janeiro e 2 de fevereiro de 2025,
na cidade de Mérida, Yucatán. Este congresso internacional de maestros chefs e
festa gastronômica cultural trouxe à tona a importância de preservar a herança
ancestral na gastronomia. O Chef Pedro Estrada e Karla Solis foram
figuras-chave ao demonstrar ao mundo que a gastronomia ancestral é uma
realidade viva, que não pode ser esquecida nesta nova era de revolução
culinária.
O México, como sexta civilização, nos lembra que a conexão com os
antepassados é o alicerce de suas práticas culinárias. Durante esses três dias
de evento, houve uma troca rica de ingredientes e histórias entre os chefs,
reforçando a relevância da ancestralidade para manter viva a cultura que hoje
praticamos. A gastronomia, nesse contexto, é muito mais do que um conjunto de
receitas; ela é um reflexo da herança cultural que atravessa gerações, unindo
passado e presente em um único prato.
Brasil e a ancestralidade na gastronomia
O Brasil também foi representado de forma significativa, com dois
importantes chefs que trouxeram à tona a ancestralidade gastronômica do país. O
Chef Zeno, do Pará, apresentou os ingredientes da Amazônia, ressaltando a
riqueza da biodiversidade local e a conexão ancestral dos povos que habitam a
região do Tapajós. Sua contribuição reforçou a ideia de que, muito antes da
chegada dos portugueses e espanhóis, já existiam práticas culinárias complexas,
enraizadas no território amazônico.
No Nordeste, o chef Marcos Lôbo apresentou sua pesquisa sobre a
ancestralidade gastronômica da região de Ipojuca, Pernambuco. Investigando as
tradições dos índios Caetés e africanos que habitaram a área por mais de
quinhentos anos, Marcos Lôbo elaborou uma caldeirada de frutos do mar,
utilizando ingredientes locais e resgatando a história dessas duas etnias. A
pesca nas margens do rio e do mar, uma prática ancestral dos Caetés, foi
enriquecida pelos africanos que chegaram ao Brasil, trazendo novos sabores e
técnicas. O resultado é um prato que celebra essa fusão cultural, representando
uma nova ancestralidade que perdura até os dias atuais.
A gastronomia ancestral como base de civilização
Esses três dias de demonstração gastronômica no México foram marcantes,
mostrando ao mundo um novo conceito de ancestralidade. Cada prato apresentado
reflete milhões de anos de história, mesclando o conhecimento humano com a
agricultura e a gastronomia, pilares fundamentais para a evolução das
civilizações. O ser humano é o habitante mais antigo deste planeta, e foi sua
capacidade de compreender e dominar a agricultura que o permitiu se alimentar e
prosperar até os dias atuais.
O México, mais uma vez, se destacou como um dos pioneiros na preservação da
gastronomia ancestral, com o Chef Pedro Estrada à frente desse movimento. Seu
trabalho demonstra que a ancestralidade não pode ser esquecida, pois é ela que
nos conecta à nossa essência cultural e à história que moldou nossa identidade
gastronômica.
A ancestralidade não é apenas uma lembrança do passado, mas uma ferramenta
poderosa para construir o futuro. Ela é a base para uma nova revolução na
gastronomia mundial, onde cada prato conta uma história e nos aproxima dos
nossos antepassados, mostrando que a cultura e a gastronomia caminham lado a
lado.
CONTATO
Pesquisador e Gastrônomo/Chef Marcos Lôbo
Fone / WhatsApp (81) 99788 6975
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