A PALMA FORRAGEIRA NO OLHAR DO CHEF MARCOS LÔBO,
A PALMA
FORRAGEIRA NO OLHAR DO CHEF MARCOS LÔBO NA GASTRONOMIA SERTANEJA,
Pernambuco,
25 de julho de 2025.
RESUMO
A palma
forrageira, planta originária do México, foi introduzida no Brasil no final do
século XIX, inicialmente para a produção de corante natural. Com o tempo, sua
importância como alimento para os animais — e posteriormente para humanos —
cresceu, especialmente nas regiões do semiárido nordestino. Este artigo,
baseado na visão do chef Marcos Lôbo, analisa o papel da palma na culinária
sertaneja e seu potencial de transformação social, alimentar e ambiental.
Através de uma abordagem cultural, histórica e gastronômica, discutimos como a
ressignificação desse ingrediente representa resistência, ancestralidade e
sustentabilidade.
Palavras-chave: Palma forrageira. Gastronomia
sertaneja. Semiárido. Sustentabilidade. Marcos Lôbo.
1 INTRODUÇÃO
A palma
forrageira (Opuntia spp.) é uma planta pertencente à família das
cactáceas, originária do México. Foi introduzida no Brasil em 1880, no estado
de Pernambuco, com o propósito de cultivo para extração do corante carmim de
cochonilha, derivado do inseto Dactylopius coccus (FERREIRA et al.,
2010). No entanto, frente às condições climáticas adversas do semiárido
nordestino, rapidamente a planta ganhou espaço como alternativa alimentar para
o gado.
Com o
passar dos anos, o povo sertanejo passou a observar a utilização da planta por
animais da fauna local, percebendo seus efeitos positivos na nutrição. Esse
olhar ancestral e empírico abriu caminho para sua utilização na alimentação
humana, superando preconceitos sociais e culturais.
O
presente artigo busca refletir sobre o uso da palma forrageira na culinária
sertaneja a partir da experiência do chef Marcos Lôbo, destacando sua
importância como instrumento de valorização da cultura alimentar nordestina e
como recurso sustentável para a segurança alimentar.
2 OBJETIVOS
- Refletir sobre a importância
da palma forrageira como ingrediente tradicional da alimentação no
semiárido;
- Analisar sua trajetória
histórica e social desde sua introdução até sua valorização gastronômica;
- Apresentar a abordagem do
chef Marcos Lôbo sobre a gastronomia sertaneja com palma forrageira;
- Discutir o potencial
sustentável da planta frente aos desafios ambientais do Nordeste.
3 DESENVOLVIMENTO
3.1 Introdução e adaptação da palma ao Nordeste
A
introdução da palma forrageira no Brasil ocorreu em 1880, vinda do Texas (EUA),
com fins comerciais, principalmente para o cultivo do corante carmim (SILVA et
al., 2011). Seu cultivo se expandiu rapidamente em Pernambuco devido à sua
resistência à seca e ao solo pobre, tornando-se uma planta ideal para as condições
climáticas do semiárido.
3.2 O olhar sertanejo e a superação do preconceito
Com as
constantes estiagens e a dificuldade de acesso a alimentos para os animais, a
palma passou a ser utilizada pelo povo sertanejo como ração animal. A
observação da fauna local e o bom estado dos animais alimentados com palma
levou os moradores da região a reconhecerem seu valor nutricional (ARAÚJO et
al., 2021). Ainda que tenha sido inicialmente cercada por preconceito como
“comida de fome”, sua presença foi se consolidando como parte da cultura
alimentar local.
3.3 A gastronomia sertaneja e a valorização pela
arte culinária
Hoje, a
palma começa a ocupar espaço na gastronomia contemporânea, graças a chefs como
Marcos Lôbo, que vêm resgatando ingredientes tradicionais da Caatinga e
promovendo seu uso de forma criativa. Segundo o chef, “a palma é uma história
viva do sertão. Ao colocá-la no prato, contamos a trajetória de resistência e
resiliência do nosso povo”.
Ela é
usada em pães, sorvete, saladas, sucos, refogados e até sobremesas. Rica em
água, fibras, minerais e vitaminas, apresenta também propriedades digestivas e
anti-inflamatórias (EMBRAPA, 2017).
3.4 Sustentabilidade e segurança alimentar
Além de
sua importância cultural e nutricional, a palma forrageira é um recurso
estratégico diante das mudanças climáticas. Requer baixa quantidade de água,
regenera o solo e serve tanto para alimentação humana quanto animal,
fortalecendo a soberania alimentar no semiárido (EMBRAPA, 2017).
4 CONCLUSÃO
A palma
forrageira representa mais do que uma alternativa alimentar: ela é símbolo de
resistência, sabedoria popular e sustentabilidade. O olhar do chef Marcos Lôbo
revela como a gastronomia pode transformar o que antes era marginalizado em
expressão de identidade e orgulho cultural. Seu uso na culinária sertaneja
valoriza os saberes ancestrais e oferece caminhos viáveis para o
desenvolvimento sustentável das regiões semiáridas.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO,
J. L. P.; OLIVEIRA, M. A.; CAVALCANTI, N. B. Saberes tradicionais e uso da
palma forrageira na alimentação humana no semiárido brasileiro. Cadernos do
Semiárido, v. 10, n. 2, 2021.
EMBRAPA.
Palma forrageira: alternativa para o semiárido. Embrapa Caprinos e Ovinos,
2017. Disponível em: https://www.embrapa.br. Acesso em: 26 jul. 2025.
FERREIRA,
M. A.; SANTOS, M. V. F.; MEDEIROS, H. R. Potencial da palma forrageira na
alimentação animal no Nordeste brasileiro. Revista Brasileira de
Agroecologia, v. 5, n. 2, 2010.
SILVA, J.
A.; LIMA, G. F. C.; BATISTA, A. M. V. A palma forrageira na alimentação animal
e seu aproveitamento na agricultura familiar do semiárido. Revista Verde,
Mossoró, v. 6, n. 4, 2011.
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